Teorias de banheira.

Um dia dei por mim a resolver problemas de matemática e geometria descritiva enquanto tomava banho, algures entre o gel de banho e o shampô, decidi escrever sobre tudo o que me vai na cabeça nestes momentos de puro ócio.

segunda-feira, maio 09, 2005

Vida nova... banheira nova...

Pois é... aproxima-se algo que até à pouco tempo nunca tinha pensado muito, o final do curso. Sei que está longe de ser o fim, seja do que fôr, muito pelo contrário, é o príncipio de um outra escola, a da vida. Ainda assim, este momento não carece do sentimento de concretização, de realização, de finalidade, especialmente para os meus pais que finalmente vão puder parar de me enviar os lingotes para a conta.

O que me aflige mesmo é que estas situações são sempre acompanhadas de mudanças, geralmente, mudanças de casa. A verdadeira questão agora, mais que arranjar um emprego decente e lucrativo, é a problemática da nova banheira. Este é um assunto muito delicado, pois não se pode simplesmente comprar uma nova se não gostamos da que temos em casa, não é como as namoradas em que quando se discute, de uma maneira ou outra, ambos tentamos fazer com que funcione, não é como um carro que quando avaria facilmente o levamos ao mecânico, não... a banheira é o expoente máximo da nossa submissão ao mais frio e insensível dos objectos domésticos. Mais que não seja pela obrigação do tomar banho todos os dias e porque simplesmente não se pode pedir uma emprestada ao vizinho quando estamos de mal com a nossa.

Assim sendo... aquando da mudança, impôe-se uma busca frenética por um apartamento cuja banheira tenha boas referências, cujo currículo seja tão imaculado quanto a sua própria louça, que nela se tenham banhado as mais cêlebres e ilustres figuras cinematográficas e cujo sistema de aquecimento não me limite o banho a uns escassos minutos e uns espirros de àgua morna.

Estes são realmente os pensamentos que me afligem diáriamente, mais que tudo o resto a que a sociedade e os telejornais decidiram como importante, a mim, o que me interessa mesmo é saber onde vou tomar banho amanhã.

Boas banhocas,
Kenjinsan

terça-feira, fevereiro 22, 2005

Teoria da Inevitabilidade.

Parece que depois daquela holiwoodesca lavagem tudo voltou à normalidade. Estou de bem com a minha banheira, apesar dos sucessivos choques eléctricos, mas ao menos tenho tido água quente.

Agora que posso, semi-confortávelmente, tomar o meu banho, decidi retomar os pensamentos que me ocupavam a mente durante estes momentos. São pensamentos, ou mesmo teorias que gosto de pensar como continuamente inconcluídas, uma vez que se vão adaptando tanto ás necessidades como á minha disposição balnear. Isto é... desde há uns anos para cá, resolvi identificar e classificar todo o tipo de patologias e problemas que me afligiam. Desde os de saúde, os amorosos (estes mais complicados que os de saúde), os académicos (estes mais simples que os amorosos), entre outros, a passar pelos existenciais e até mesmo psicológicos ou filosóficos. Como vêem, 5 minutos de água morna, dá mesmo para muita coisa.

Ora... assim sendo, vou começar por delinear os princípios base de algo a que tão eloquentemente decidi chamar "Teoria da Inevitabilidade". Esta teoria, para muitos, facilmente confundivel com algo de religioso ou até mesmo idiota, é para mim a explicação, senão a resolução de muitos dos acontecimentos da minha vida.
No meu ponto de vista o que se passa é que, no panorama caótico do Universo, especificamente a rua Barão Trovisqueira (actual residência), os factos tendem a ocorrer segundo alguma fórmula matemática que escapa á minha compreensão. Tão certo como a nossa incapacidade sobre o facto de chover ou fazer vento, também se escapa por entre os nossos dedos, qualquer poder sobre muitas das icognitas que tendem a influenciar a nossa vida.
Não sei se me estou a conseguir explicar, mas imaginem uma vida livre de culpa e ressentimento, uma cujas opções são irremediávelmente catastróficas, ou não... imaginem não terem nunca que se preocupar com as consequências dos vossos actos, nem sequer as razões que os motivaram, uma onde as fadas e os anjinhos... ok, já percebi.

Resumindo todo este "devaire", (nota mental: procurar no dicionário por esta palavra, se não encontar, escrever a lápis.), o que eu quero dizer e no qual acredito piamente, é que quando tenho um problema, não me preocupo com ele, pois todos os problemas têm uma solução. Se tenho um problema sem solução, então não me preocupo igualmente pois não é classificado como problema, passa imediatamente para a categoria de "facto", o qual está completamente fora das minhas capacidades humanas de dobrar o espaço e saltar no tempo.
No fim de tudo levo a vida como se andasse de mota num engarrafamento, enquanto todos os outros suam dentro dos carros a 10 á hora numa tarde de Agosto.

E pronto, esta teoria acaba por ser mais uma maneira de estar do que propriamente uma teoria filosófica ou existencial. Claro que ela tem o poder de se moldar a cada situação , sendo por isso mesmo uma atitude bastante versátil e consequentemente positiva.

Boas noites, fiquem bem.

sexta-feira, fevereiro 18, 2005

Dia de limpezas...

Todos nós sabemos como custa limpar a casa, e sabemos também, alguns de nós, até que estado deixamos as coisas ir.

Pois é... Senti que precisava de limpar a casa de banho, quando uma vez, ao entrar para a banheira, tropecei num placar que publicitava apartamentos de luxo junto ao ralo. Aproximei-me um pouco mais e fiquei indignadissimo com a proliferação e sucesso da indústria imobiliária dentro da minha própria banheira. Estavam germes a migrar de todo o submundo para esta zona da minha casa de banho. Isto mais parecia a Costa Vicentina em época de festivais. Era incrível, estavam-se a instalar a sério, juro que vi um palco de concertos e tudo.

Decidi que não podia continuar assim, pelo menos não nos termos da lei que regula a construção em zonas protegidas, e a minha banheira, apesar das recentes hostilidades, continua a ser a minha banheira, pela qual nutro um carinho especial.

Larguei o simples e ineficaz esfregão de alumínio e parti em busca de meios um pouco mais severos. Não faz muito o meu tipo, mas este caso requeria o uso de meios sujos, tinha que os atingir onde mais doía e tinha que ser rápido. Sentia-me ultrajado, violado; quem pensariam eles que eram, ocupar assim o espaço privado de uma pessoa. Não ia deixar passar este caso com uma simples limpeza de rosto, tinha que enviar uma mensagem, tinha que os avisar a todos e deixar bem marcado na sua memória este dia.

Saí em busca de armamento pesado. Há um supermercado próximo da minha casa, mas sabia que o seu stock em produtos de limpeza era reduzido, e eu precisava do melhor que há no mercado. Andei cerca de 15 minutos para chegar à mãe das grandes superficies, custou, mas eu sabia que ali encontraria o que procurava. Sem hesitações e determinado a acabar com a festa germal, caminhei a passo rápido para as prateleiras dos productos de limpeza. Encontrava-me agora em frente ao horror de qualquer bactéria, ao pesadelo do fungo mais intrépido. Este seria um dia bíblico na história da bactereologia.
Sentia-me como se estivesse no mercado negro das armas químicas, deve ser assim que se faz, vamos ao guns'r us e escolhemos a maior e mais potente arma de destruição em massa.
Finalmente optei pelo recipiente que tinha o componente com o maior nome, achei que se houve alguêm doido o suficiente para pôr tal nome ao ingrediente, é porque ele o deve ter merecido.
Voltei para casa, pronto para o que se iria passar. Como que um cavaleiro do apocalipse germal, sorri ao breve destino dos que habitavam a minha banheira.

Ao chegar a casa, preparo-me para a investida. Coloco um avental velho, duro e resistente o suficiente, luvas de borracha, uma máscara para os gases nocivos, um gorro e óculos de protecção, que á falta de melhor serviram os da piscina. Leio as instruções atentamente para que nada corra mal, e começo o preparo letal.
Necessitava de água quente e sabia que o cilindro não providênciava a temperatura ideal para que a reacção fosse perfeita, por isso aqueci no fogão as duas únicas panelas que dispunha. Enquanto esperava, esboçei um sorriso malicioso ao cenário que se compunha.
Li nas instruções que uma dose serviria para deixar as louças a brilhar, mas eu não as queria a brilhar, estava disposto a sacrificar fosse o que fosse para ter a minha vitória. Impunemente despejei toda a embalagem dentro do balde da esfregona, conseguia sentir a reação em cadeia, nada sobreviveria a tal cataclismo.

Com todo o meu aparato, caminhei em câmara lenta até ao covil do inimigo. Tinha-o estudado, sabia o seu ponto fraco, desenhara a minha estratégia e preparava-me agora para atacar.
Num acto que roça o genocídio, despejei lentamente o pesado balde com a poção da morte. Certifiquei-me que nenhum canto tinha sido esquecido e aproveitei ao máximo todo o producto de que dispunha. Sentia o fervilhar da sujidade que a todo o custo tentava manter-se à superfície, mas nada podiam, eu tinha sido mais esperto que eles. A batalha estava agora terminada e apenas restavam pequenas e fúteis bolsas de resistência, as que despresivelmente limpei com uma chuveirada. O sol raiava, as nuvens dissipavam-se e o sangue das vís criaturas fora agora substituido por um branco imaculado de louça limpa.

Despi-me vitorioso e numa pose miguelangélica... tomei o meu banho.

quinta-feira, fevereiro 17, 2005

Olha que engraçado...

Quando toda a gente e inclusive eu, pensava que já não me podia acontecer mais nada, eis que a minha banheira se lembra de algo com que me picar a cabeça.

Recentemente adquiri uns chinelos todos castiços, para as minhas incurssões até à casa de banho. Já tinha uns, mas não gostava deles, não eram castanhos e não tinham aquele algodãozinho por dentro, enfim... não interessa.
Andava todo contente, porque agora estava menos mal. Pelo menos cambaleio confortável até à casa de banho.
Outra coisa curiosa que acontece comigo, é a quantidade de roupa que tenho que vestir para conseguir sobreviver noite após noite, num quarto virado a norte com uma das paredes rasgada por um plano de vidro. Nunca me pesei com ela, mas acreditem que nem o boneco da michelin me fazia frente se me encontrasse na rua vestido com o meu traje de noite.

Acontece normalmente, eu chegar à casa de banho e ligar a torneira, para minimizar o tempo de espera que leva a substituir a água fria dos canos pela quente que vem do cilindro. Neste período de espera vou retirando as várias camadas de roupa que me cobrem. Por qualquer razão da física, e aqui é que está a parte engraçada, vou camada a camada, carregando-me de electricidade estática. Devo lembrar que são 07:03, que acabei de acordar após umas más 5 horas de sono e que tenho calçados, ao contrário, os meus novos chinelos castanhos com o algodãozinho. Ora, não sei se já saíram de um carro após uma viagem e apanharam aquele "zapzinho" quando tocam na chapa, pois bem, comigo normalmente são descargas de alta voltagem, eu até consigo ver e ouvir o raio que se gera entre a chapa e a minha mão.

Voltando à casa de banho, estamos no momento em que me encontro completamente nu a tremer que nem uma vara verde e pronto para saltar para dentro da banheira, eis que jogo a mão à água para testar a temperatura quando apanho uma electrocução de todo o tamanho.
Acreditem no que vos digo, dá para ver o raio e tudo, aquela côr azulada, o tac estridente e a dôr agonizante que percorre o corpo todo.
É que nem é pelo choque, o pior mesmo é o melão com que fico. Eu até ando assustado, sempre que me lembro, faço o caminho até à casa de banho a dar toques em peças metálicas para ir descarregando a electricidade estática.

O meu pai acha muito engraçado e tem muito a mania de se rir de mim quando apanho o choque no carro, queria vê-lo aqui. Um dia preparo-lhe o cenário...

Enfim... até qualquer outro acontecimento.

quarta-feira, fevereiro 16, 2005

A idiota ironia do destino...

Pois é, até parece de propósito, mas hoje o quadro desligou a meio da noite.
Não sei se é por ter começado ontem, a escrever sobre os meus banhos, ou por qualquer idiota ironia do destino, mas alguém deve ter achado que eu precisava de assunto. Vai daí...

Deixem-me frisar que eu acordo todos os dias às 07:00, não porque precise, mas porque gosto de tomar o meu galão e a minha torrada enquanto vejo os desenhos animados da manhã. São agora 07:15 e apercebo-me que não há luz... Flashada à filme, O BANHO!!!! A ÁGUA QUENTE!?!?!?!
Raios....logo hoje que vou ao cinema e tudo. Não desespero, não posso entrar em pânico. Medito um pouco sobre o assunto e lembro-me do extenso treino climatérico a que nos sugeitavamos, quando andava no Triatlo. Ok, eu consigo fazer isto. Dispo-me o mais lentamente que consigo para aproveitar ao máximo o calor do pijama, e num acto de coragem que desafiaria qualquer aventureiro, entro para a banheira, "a terrível". Tenho a certeza que neste momento, algures, alguêm se ri de mim.

Começo a pensar que não vai dar, e sou assaltado por um medo terrível do que vai acontecer. Encho-me de dúvidas e ponho em causa todo o aparato, pois posso sempre pôr mais um pouco de perfume, não preciso de passar por tudo isto. Ainda assim, curioso como sou, desafio a própria lógica e convenço-me que vou só sentir para ver se dá. Levo a mão ao manípulo que regula a água e como acontece com a maioria dos manípulos que regulam a água, está calcionado, ao que para abrir um pouco a torneira preciso de uma pressãozinha extra, neste momento um arrepio descontrolado varre-me o corpo até ao braço e finalmente à mão que segurava o dito manípulo. Num instante o pânico invade-me a consciência, pois nada posso contra a velocidade dos acontecimentos. Numa explosão de fúria, o chuveiro, ainda sobre a banheira, varre toda a casa de banho com a água que acumulou nos seus malévolos canos durante toda a noite. Creio que não preciso de especificar o quão fria esta se encontrava, até porque, esperto como sou, abri a torneira errada.
Foi incrível, molhou até sítios que eu desconhecia na minha própria casa de banho. Fiquei um pinto, um sem penas e com um melão de todo o tamanho. Saí da banheira, que se ria em pleno pulmão e caminhei até ao quarto. Vesti o mais quente que tinha disponível e fui-me embora.
Não comi, não vi os desenhos animados, não tomei banho, não tenho as meias a condizer e esqueci-me do lápis em casa.

Até amanhã,

terça-feira, fevereiro 15, 2005

O acto de tomar banho...

Não pensaria começar este blog sem antes descrever o acto que envolve e gera tais pensamentos.

Assim, tomar banho é o acto pelo qual alguem, ou neste caso, eu, derramo água semi-aquecida sobre mim, enquanto tento desesperadamente lavar a cabeça sem largar o chuveiro.
Para tal, posiciono-me verticalmente, apoio o cotovelo na parede mais próxima e segurando a cabeça com a mão esquerda equilibro o corpo encostando o cotovelo direito numa outra parede. Tenho que praticar toda esta ginástica porque tenho os pés ligeiramente tortos e sobre o calcanhar para tocarem o mínimo na banheira que está gelada. Entretanto, com o braço direito, seguro no chuveiro que durante uns escassos 5 minutos despeja a água morna que o cilindro levou a noite toda a aquecer.

É engraçado vermos o que nos pode passar pela cabeça, quando estamos completamente nus dentro de uma peça de loiça, molhados, a tremer de frio e a tentar aproveitar ao máximo a àgua quente que nos resta. Na parte que me toca, sei que já salvei o mundo várias vezes, sei também que no paraíso as banheiras são como as camisolas de algodão e que não precisamos nem de gel de banho nem de shampô.

Por agora, fico-me aqui. Estou enrregelado e acabo de descobrir que deixei a toalha no quarto.
Bons banhos.